13 de janeiro de 2016

que a persistência esteja contigo

























és a minha melga. às vezes bato palmas para te espantar, faço números de circo ou ensaio movimentos repentinos que te façam parar de zumbir-me aos ouvidos. enquanto não espetas o teu ferrão certeiro e vês satisfeitas as tuas vontades é difícil ludibriar-te. móis o grão de quem te rodeia até conseguires fazer farinha suficiente para teres o teu pão. é um engano distrair-te, quem se entretém somos nós. paras a insistência mas nunca a desistência, adias a persistência por umas horas até voltares de novo à carga. tens um ferrão preparado mas também muito mel incorporado. persistes, persistes num zumbido quase enlouquecedor e fazes barreiras físicas a tentar travar a indiferença que ensaiamos sem sucesso. quando paramos para te ouvir os quereres accionas o modo pause, quase conseguimos conversar mas rapidamente voltas a accionar o play sem stop à vista. vais tão longe quanto a medida dos teus objectivos. às vezes queres com todas as forças fazer voltar o tempo atrás, se pudesses usavas o comando undo vezes sem conta, em cada banho em que perdes a vez porque te perdeste em mais uma das tuas difíceis gestões emocionais. birras. chamando os nomes aos bois. ontem quando me sentei no chão decidida a não perder a batalha e mais tarde ter mais dificuldades de ganhar a guerra, achei a tua espiral de orgulho ferido demais, por isso, inverti a estratégia de ataque. cedi-te o meu colo e embrulhei as mesmas certezas em todo o carinho e afeto que tinha. enquanto te expliquei baixinho que não cederia e aguardaria as horas ou até os dias necessários para que reconhecesses os teus erros, fechas-te os olhos e caíste no sono quase por magia. sabemos que este é um ano difícil, escorraçaste o sono da tarde cedo demais, mas não nos podemos esquecer do papel que teremos de manter. manteremos o foco para que equilibres o fel e o mel que nos atiras. se pudesse pedia-te para guardares no baú essa tua persistência soltando-a mais amiúde ao longo da vida, com tanta vivacidade como a que espalhas agora. nessa altura sossegaremos estas horas em que quase nos deixas perto de um ataque de nervos.

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eu vista por mim

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novembro1982