ando nauseabunda e desfalecida mas não expilo as entranhas. evito os mariscos e os mal lavados que não quero que as entranhas me fiquem contaminadas. elas agradecem que eu sei. tenho os humores e as tensões tencionadas para baixo e repentinas. balanço-me com agonia como se me deslocasse num barco ao sabor das ondas, parado. a verdade é que não viro o barco por nada. apesar disso, sinto-me rainha na selva e, como leoa que sou, fome devoradora a entrar pela noite dentro. sinto-me amarga por fora mas doce por dentro que as amarguras não me justificam sensações de desistência. estou ritmada na ingestão e desritmada no sono. se agora o barco me embalasse talvez lhe ficasse adormecida e não agoniada. e agora que o sol se decidiu a brilhar mais me reluzia o olhar.
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e a (des) propósito já lá vão uns tempos desde que deixámos de apanhar lula na costa e nunca a nausea me assolou. doces aqueles meses de setembro embalados pelo entardecer partilhado por amigos. nos últimos anos, uma vezes por causa de petróleos derramados outras por desencontros menores, não temos ido e, tenho pena. é que me caíam bem aquelas lulas recheadas e apanhadas por nós. directamente do mar para a boca, sem intermediários (mesmo com a certeza de estar poluído). a ver se este ano a amiga nos ondula os fins de tarde outra vez. e se os meus desejos são mesmo ordens. pois eu desejo uns finais de tarde repetíveis mesmo que nos saia no loto lula escassa e eu me irrite com as esperas e as lanternas. tenho o meu peixinho preparado e o anzol aguçado que o que mais gosto nesta pesca é da limpeza da caçada...
2 comentários:
tb tenho saudades das nossas lulas recheadas
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