31 de julho de 2013

30 de julho de 2013

e para comer? - alimentar crianças em viagem - as nossas estratégias

















temos por cá um trem de cozinha alternativo onde mentalmente cozinhamos, por vezes antecipadamente, do que nos iremos alimentar em viagens mais ou menos prolongadas. a mãe gosta de se prevenir porque acha que dessa forma se libertará mas também é muito dada a improvisos e a trocar totalmente as voltas ao programado. com duas crianças de 2 e 5 anos há algumas estratégias que se foram adoptando nas longas e curtas viagens feitas. 
as primeiras viagens com um só filho de dois anos, a roma e a londres, correram lindamente. o maior desafio chegaria com o segundo filho sem o primeiro ano de vida ainda completado viajamos para o estado do rio grande do sul, no brasil. a babycook foi o coelho da nossa cartola. a sopa era feita pela manhã com os legumes que adquirimos localmente. não lhe acertamos o relógio por isso o seu grande almoço coincidia com o nosso pequeno almoço. a oferta em quantidade e variedade de fruta que todos os dias tínhamos ao dispor era a cereja em cima do bolo. experimentou pela primeira vez muitas frutas tropicais e era uma satisfação vê-lo. filho grande em plenos 4 girou os horários e cumpriu os locais. também se vingou na fruta que é uma espécie de truque para quando a sopa é ausente. depois tínhamos mais uma cenoura que uma ou outra vez também sacávamos da cartola: proteínas repescadas aqui e ali, em qualquer uma das nossas refeições, que saltavam directamente para a sopa seguinte. a coisa funcionou muito bem. os truques permitiam-nos ficarmos relativamente soltos de horários e condicionamentos relativamente a um bebé com uma ou outra exigência. 
nenhuma criança morrerá de fome com comida à frente repetirão muitos pediatras perante mães preocupadas. não será assim tão difícil alimentar uma criança em qualquer parte do mundo. haverá sempre fruta, um arroz, uma massa, uns legumes, frango.
este último ano carregado de lá e cá, recorremos pela primeira e mais do que uma vez ao mac donalds que juntamente com os menus infantis em particular confirmamos não funcionarem para nós. os meninos são seduzidos pelo brinde de plástico e pelas batatas fritas e pouco mais. fez muitas mais vezes sucesso um peixe grelhado e legumes cozidos mas adiante. para quando cruzamos uma viagem de avião com o horário da refeição, desistiu-se da sopa mesmo para filho pequeno. funcionam bem as pataniscas ou os panados que preparados umas horas antes levamos para merenda colmatada com fruta, às vezes pipocas. a mesma receita funciona (quando é possível)  para passeios e viagens onde nem sempre queremos depender de comes e bebes, de filas e de horários. com crianças é preciso, ao mesmo tempo, libertar-mo-nos e prender-mo-nos aos horários. libertar-mo-nos porque podemos ter de mudar de planos e é bom antecipar um programa para depois o poder quebrar todas as vezes que for necessário sem dó nem piedade. prender-mo-nos porque entre o meio dia e as duas os meninos terão fome e é melhor ter um plano qualquer, uma fruta para atrasar a refeição, uma refeição na mochila ou incluir uma boa paragem num local onde seja possível adquirir uma. porque os meninos são assaltados num repente por uma fome avassaladora, toma pega lá este panadinho, tomate, batatas fritas de pacote, fruta de sobremesa. estávamos num parque de diversões e não tivemos de depender de filas de pronto a comer. ou estávamos no meio do parque de baldenberg chegáramos a bater na hora de almoço a venda existente tinha pão e queijo e pouco mais por isso pique-nicamos em andamento umas pataniscas e brócolos com arroz. poupamos tempo, poupamos dinheiro e ao que parece eles alimentaram-se melhor. não, não passariam fome com queijo e pão que por sinal eram bons mas a alternativa continha legumes, proteínas e farináceos e assim o gelado juntou-se ao lanche. mais truques?

29 de julho de 2013

m




















está mas não está.

28 de julho de 2013

amor entre maiúsculas e minúsculas




































é o nosso jogo novo e mete muitas corridas entre as paredes mais distantes de casa.

27 de julho de 2013

infinito - o fim

















mama os números não acabam pois não?
o infinito é o último?

25 de julho de 2013

24 de julho de 2013

outono antecipado - folhas e palavras a caírem do céu


































brincaram com folhas como se o outono se estivesse já a instalar. é verão, há muitos mergulhos por nossa conta. hoje repetimos a salada russa mas não repetimos a lista de ingredientes em inglês. durante a tarde apanhei-lhe onion na ponta da língua enquanto tentava juntar as folhas num monte. há nove meses, era outono, e catalogamos todas as folhas do pátio do prédio. agora andamos mais a dissecar palavras numa espécie de antecipação outonal mas há muitos dias em que não lhes ligamos muito, às palavras. folhas e palavras que pertencem ao próximo outono a dançarem no calor do verão. têm caído naturalmente que não se força a natureza. quem disse que não se pode brincar com quase tudo incluindo folhas e palavras? é sempre surpreendente o encadeamento de raciocínios, como saltam galáxias ou fazem voos rasantes. desta vez the onion era uma peça solta não associada com a cebola cozida que estrategicamente deixa para o final, ou que isola, num processo de degustação mais apurado. enquanto acumulava o maior monte de folhas já secas e caídas e as fazia dançar no ar, tal e qual como os meninos com quem "brinca" num processo paralelo, soltou um: mama quem inventou as palavras?

23 de julho de 2013

a árvore viva da árvore morta em tierpark




  
combinamos animais com um passeio pelas redondezas. sobra-nos tempo e sobrar tempo é precioso. podermos distender-nos nas observações sem ritmos impostos, até porque temos sempre a possibilidade de voltar que o espaço tem entrada gratuíta, foi saboroso. o charlie e lola tinham "contado" ao filho grande que as hastes de veados e alces caem e crescem de novo a cada ano mas vimos bem de perto o veludo que as reveste, uma espécie de penugem. passou por pila e papila para chegar a barbela, a suspensão de tecido vermelho que os galos exibiam nos dois lados da mandíbula, mas diz que percebeu primeiro que crescia uma árvore a partir do velho tronco caído. listamos animais, afagamos cavalos e saboreamos uvas. depois podemos sempre aproveitar para um la fontaine.

21 de julho de 2013

há sacos coloridos a navegar no rhine



















sacos coloridos a navegar no rhine são a imagem da estação mais quente do ano. não se pense que por haver muita neve no inverno os termómetros não subam regularmente aos 30º, esta semana por exemplo quase não baixarão dos 29º . é na água que se centra a vida por isso as margens do rhine se enchem entre churrascadas e mergulhos. a corrente é forte e o mergulho não aconselhável a quem não dê umas braçadas fortes, ora para se afastar de cais, ora para se afastar de barcos, ora para se atracar a si próprio. dar um mergulho significa quase sempre entrar e sair em pontos diferentes por isso enfia-se a muda de roupa e o telemóvel na garantida impermeabilidade de um saco que estrategicamente enrolado permite ser uma bóia estanque. e é vê-los deslizarem à tona da água arrastando consigo pessoas em grupos coloridos.

16 de julho de 2013

vivia perto da água, não era um peixe mas tinha escamas






















lembras-te de um edifício que parece revestido de escamas?
então mama? claro! não te lembras daquela ponte que vimos?
havemos de ir ver as "escamas" utilizando ardósia na cidade do porto.
estávamos em baden e não chegamos a conseguir visitar o kinder museum e ficamos sem saber se valeria a pena ou não. as termas públicas também estavam fechadas e continuamos na expectativa de ir a vals. perdemos a grande oportunidade de há 12 anos atrás e agora temos um menino sem idade mínima recomendada. mas um barco com quatro tem sempre muito para navegar e o tempo era nosso. trouxemos do passeio três paragens divertidas. parar para brincar porque uma macaca nos aparece pela frente, demorarmo-nos numa ponte e mergulhar pela primeira vez numa piscina de ondas e num mega escorrega com direito a mergulho. seriam as três referências do filho grande. e é por aí, ao virar da esquina, fora de portas, no campo ou na cidade, na praia ou num monte, onde também se podem descobrir números, letras, dias da semana, sem dia nem data marcada. cá entre nós, este menino de dois anos, a crescer sem infantário, tem estímulos que lhe cheguem, em família. que nos interessa do que se lembrará? quando chegar a hora dele a mãe continuará a tentar roubá-lo o mais cedo que conseguir porque as horas de infantário, para ela, são sempre horas a mais. mas depois, dias depois, muitos dias depois, mais precisamente 7 dias depois, filho pequeno descreve episódios que viveu, introduz verbos, ligação entre objectos e explica na perfeição que andou num barco e que viu animais incluindo um rinoceronte, macacos e um pelicano. aprendeu a palavra pelicano nesse dia, em família e em 3D teve outro impacto que não teria em 2D.  podia ter sido em casa, sem os pais, num livro ou de qualquer outra forma mas não era a mesma coisa.

15 de julho de 2013

hiking em baldenberg




























programamos duas visitas para um só dia. tinham-nos falado de ballenberg, um museu rural ao ar livre, como um programa a não perder com crianças. como já havíamos falado em fazer queijo  emmental e havia alguma proximidade geográfica ficou decidido incluir os dois programas num só dia. mas já com os pés no terreno a primeira paragem trocou-nos as voltas e demos de caras com mais de 2 quilómetros de extensão de habitações tradicionais suíças regionalmente distribuídas numa imensa variedade de percursos. não era de todo um "portugal dos pequeninos" mas uma suiça rural em grande. trocadilhos e comparações que dariam longos temas de conversa à parte, acabamos por reverter um dia de viagens  num dia de hiking, talvez o maior desporto deste país. começamos por fazer uma espécie de caça às actividades oferecidas e partimos em busca de alguns "ver fazer". engolimos as pataniscas que trazíamos para  merenda e avançamos a passo largo porque já havia chocolate a ser derretido na outra ponta do recinto. pelo caminho fomos surpreendidos por muitas paragens porque se demoraram a observar o ciclo do mel, a afagar animais, a ver tecer num processo com tanta matemática quanto o "nosso" jogo, a ver derreter ferro, a observar o ciclo da produção de corda ou simplesmente a acertar o passo nas subidas mais íngremes. foi um dia inteirinho e por isso trocamos o queijo programado para o lanche por fruta e cereais que quase sempre enfiamos nas mochilas. o percurso de regresso foi mais arrastado e a bem da verdade houve alguma batota ao verdadeiro hiking sobrecarregando adultos com esforços extra. mas o percurso de regresso não seria de todo ausente de estímulos e mesmo com cansaço à mistura e muitas horas em cima retemo-nos a perceber em profundidade o processo de produção de carvão vegetal. aquele monte negro a esfumaçar-se despertou o interesse de todos. o processo era explícito com maquetes à escala real de todos os passos e com axonometrias e descrições fundamentadas. durante a visita os adultos falaram muito do inquérito à arquitectura popular e da riqueza subvalorizada do que temos ou talvez ainda da falta de dinheiro constante para a valorizar ou de muitas outras coisas que se encadeiam e se bloqueiam umas nas outras num emaranhado difícil de apanhar a ponta. num apanhado superficial conseguiria extrair ainda mais ateliers do que os por nós observados entre os bilrros do minho ou as meias da serra de ossa. porque portugal é tão rico e às vezes não sabe disso. 

14 de julho de 2013

das flores da casa rosa à baleia de heinz isler e a noção de inspiração





























a partir da mais antiga povoação suiça, chur, a capital do cantão dos grisões, fomos salta pocinhas entre zumthor, oligiati e heinz isler, viajar para ver arquitectura não está nos planos de todos os adultos e, aparentemente, menos ainda nos das crianças. saltamos durante o dia entre muitas paragens e muitas visitas mas passamos muito mais tempo entre dois edifícios. enquanto os meninos ainda dormiam tínhamos passado em haldenstein, uma pequena vila encravada nas montanhas onde espreitamos o escritório e a casa de zumthor. foi a partir de chur, onde almoçamos, que despertamos os meninos para a particularidade da região onde a maior parte das povoações ficam encravadas entre as montanhas da zona oriental dos alpes, dando-nos permanentemente a sensação de clausura tão oposta ao espraiar das zonas de costa a que estamos habituados. enquanto nos deslocamos até scharans onde nos prolongamos até ao lanche inventamos uma espécie de lenga lenga ou canção onde exploramos, muito basicamente, esta sensação. já em frente do atelier bardill, foram a fonte de água límpida e muito fresca e o grande pato amarelo que prenderam os pequenos e não as flores cofradas nas paredes rosa de betão. alheios à envolvente mas por ela envolvidos hão-de surgir conversas. ainda lhe hei-de contar que vi nas janelas das casas envolventes círculos de crochet pendurados a que associei as cofragens. depois de tanto tempo de volta da água ninguém se importou de ser de novo preso nas cadeiras e fomos antecipando, desta vez, a visita seguinte. cazis era o destino que se seguia e o edifício, uma igreja. antecipamos possíveis inspirações, pareciam uns ovos rachados. a definição de inspiração tomou primeiro conta da viagem, mas assim que as formas ovaladas nos apareceram à frente filho grande dedicou-se a reformular referências e atirou primeiro para peixes de boca aberta. mas depois achou que era uma baleia com o rabo enterrado e enquanto não circundamos toda a igreja disputou comigo se o volume paralelipipédico e espelhado, de que apenas vislumbrávamos partes, rompia ou não as formas orgânicas de betão. ganhou-me. o volume onde se concentrava circulação e serviços de apoio estava de facto só encostado. no interior sentiu-se comido por ela, pela baleia, e desatou a ruminar histórias com a baleia abandonando por completo os peixes de boca aberta. filho grande deixou depois a baleia de lado e ficou muito tempo de chave do carro na mão a sussurrar histórias no meio do grande campo de centeio que se estendia nas traseiras do edifício. entre grilos e a dança das espigas ao vento. terminamos o dia em flims entre a casa amarela, o escritório, a morada de família, a pizza e com vontade de fazer esticar o dia.

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982