22 de setembro de 2020

memórias de verão




estão a construir as suas memórias de verão com os filhos de amigos a quem chamam primos, a extensão das primas e primos em vários graus no papel e em primeiro grau na relação. há uma rede de espaços e contactos recorrente que as sedimenta e que as enche de confetis. usamos a envolvente e os recursos mais à mão, encaixamo-los em rotinas fora de rotinas recorrentes.  alimentamos o levar e o trazer, o ir e o vir, há sempre no backstage pelo menos um adulto a fazer a manutenção da combinação de várias idades e a promover o estar. têm a escola do primeiro ciclo a uni-los a todos, com cores e memórias de rotinas que reconhecem e será sempre um tema mesmo quando no desfasamento do crescimento se dispersarem por ai. hão de voltar. hão de se voltar a reunir em encontros e desencontros e confrontos de ser e estar. acabou o verão mas enquanto a metereologia entra em modo montanha russa e nos vier brindar com dias de picos amistosos faremos por encher ainda mais o saco. há dias que já quase se sente o natal a chegar, outros em que sentimos a água mais amena que nunca. todos os dias saem novos números a parecer um totoloto recorrente mas vemos poucos noticiários e alheamo-nos um pouco do bombardeamento de um tema com o qual temos de conviver.
 

20 de setembro de 2020

vida em azul





 












terão uma infância exposta a muita informação. às vezes também é preciso esvaziar. não ir, não ver, não fazer. só estar. parar. ficar. reduzir os estímulos, as coisas, as viagens, as exposições que lhes inundam as memórias. parar. deixar as memórias serem arrumadas nas gavetas. mas neste balanço mareado que tem sido a nossa vida ter certeza que as vivências que carregam os constrói únicos e singulares na sua / nossa história. 

19 de setembro de 2020

o poder da nossa paz outdoor





engolir milhões de vezes as palavras. permanecer sempre entre os opostos como se fossem sempre verdade, a afirmação e a sua negação. há sempre um lado B, um outro lado da margem do mesmo rio que corre vivo. ser morno, impulsivo e tranquilo e médio. aceitar a pandemia, aceitar as orientações. aceitar ainda com mais força que vivam sem máscaras. aceitar que brinquem em liberdade. aceitar que se constipem. aceitar que se aproximem. aceitar que convivam. aceitar que adoeçam. aceitar que cresçam. aceitar que há opções muito pouco razoáveis. 




 

18 de setembro de 2020

2020 da sorte que temos

 


temos sorte. no meio do caos. temos sorte. no meio do incerto. 2020 é o ano mágico. a ficar nas memórias deles. a ficar nas páginas dos livros. temos sorte porque é nos desafios que mais crescemos. temos sorte porque eles vão ganhar com a vida não ser sempre facilitada. temos sorte porque as experiências com desafios nos reportam mais consistência. temos sorte. mais sorte temos com as escolas deles. as medidas não nos assustaram no pré escolar. estão centradas num compromisso entre ser criança e adaptação a um vírus novo, as medidas estão a ser razoáveis no primeiro ciclo, há bola e corrida e ar livre. o segundo ciclo avança hoje e a apresentação da diretora de turma numa sala com pais arrancou com tudo menos só covid. acabou nas contingências desta vida mas foi mais para além disso. toda a comunidade a apalpar terrenos, tudo a encarar desafios. tudo a minimizar impactos foi o que sentimos. havia silêncio entre os pais e pouca agitação e é essa a mensagem que nos tem de pairar no sótão. quando a vida nos põe questões e desafios, temos sorte. porque a vida não é uma linha reta perfeita e quanto mais curvas mais ginástica mental ganhamos para a viver. temos sorte porque esta geração vai ganhar vida, profundidade, vivências marcantes que lhes aportarão material valioso. temos sorte porque o covid nos pôs a pensar mais e em mais coisas. temos sorte porque tomamos consciência do quão valioso são coisas pequenas. temos sorte porque nos lembramos que eles têm de brincar. temos sorte porque voltamos a por questões, a por coisas em perspetiva, a envolvermo-nos na vida. não nos queixemos. temos sorte. temos mesmo muita sorte porque eles vão poder escrever nos seus livros de memórias histórias de desafios que não se vão tornar A sua vida mas um episódio dela. a sorte que nós temos. a sorte que eles têm.

15 de setembro de 2020

distanciamento mental














esta natureza que carrego continua a recusar-se a entrar numa espécie de histeria coletiva. há desafios gigantes em contaminações próximas mas há cá dentro uma espécie de repulsa em reconhecer o não óbvio. atrai-me, atraiu sempre, o distanciamento social, viva às praias vazias de outono, atrai-me o ninho com os meus se o balançar com inputs muito esporádicos de convívios selecionados a dedo. atrai-me a contenção, atrai-me o convívio faccionado, atrai-me o contacto distanciado, atrai-me o silencio. mas não vivo em calmia se estas crianças não brincarem em liberdade e não casarem o corpo e a mente. se não conviverem com os pares, se não desenvolverem interação mesmo que reduzam substancialmente o número de contactos. que este ano nos traga nada mais que viroses ligeiras e a prova de que o mundo continua igual.

14 de setembro de 2020

"pontapé e fé em deus"














é o pontapé de saída. inicio de um estranho ano letivo. a dinâmica muda. retirada de ecrãs com reclamações que se contagiam. ao segundo dia o miolo da nossa vida brindou-nos com mozart no piano.  numa espécie celebração do madrugar. o mini tentava cantar o som que lhes lancei já que agora a magia da roda das canções na escola está extinta por causa dos covids. a escola a implementar razoabilidade. a vida a recomeçar no balanço delicioso das rotinas que nos orientam os dias e nos ritmam os convívios. daqui a uns meses desejaremos a anarquia de estarmos juntos, o ir daqui para fora, o estar de calções e uma tshirt. nada de novo. é sempre neste balanço dos opostos que nos alimentamos. pré escolar. primeiro ciclo. segundo ciclo. tudo a espalhar-se em novos desafios. e esta retaguarda que nos sabe a sobremesa. farta de gel desinfetante e do espírito ameaçador de noticias superficiais. farta de números sem historia e de previsões do futuro próximo. 

3 de setembro de 2020

triangulações



não é preciso pedir mais nada que esta triangulação amparada.  não é preciso pedir mais nada que o suporte mútuo eterno. nada mais que uma mini equipa de retaguarda. nada mais que a consistência da convivência que o suportará.  que atravessam a vida numa triangulação independente. seguros do suporte do equilíbrio.


eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982