27 de setembro de 2007

brilho de outono


há mais de vinte anos que detalhei características de folhas recolhidas. agora que se sente o outono no ar, o brilho dourado das suas formas e cores continua a entusiasmar-me e voltaria a registar-lhes características.

26 de setembro de 2007

my baby grows


tivesse eu jeitinho para escrever e descrevia-me alucinada com o técnico que ecográfica e morfologicamente mo analisou. e não é que o homem vomitou as vísceras relativamente ao que pensa do mundo e do que o rodeia invocando uma série de temas e personagens que para ali nunca foram chamados? e não é que no meio das queixas relativamente ao que os outros roubam me roubou mais de uma hora e meia de espera e paciência para o ouvir sem lhe responder a preceito? sou como ela. atadinha.
.
esgotada a paciência para se quer me apetecer fazer muitas perguntas sobre o tema para o qual nos juntou, de facto, ali. saí como entrei. tranquila relativamente ao que esta do lado de lá, a saber que mexe e remexe, consciente que cresce, sem fixações com parâmetros morfológicos mas consciente que este era mais um momento de contacto visual entre nós para nos irmos acompanhando um ao outro. esse momento saiu estrangulado pelas goelas de um técnico. e eu tirava-lhe a crista e redirecionava-lhe as palas não fosse eu politicamente correcta também lhe despejava ali as minhas vísceras e não matutava mais no assunto.
.
my baby grows e não escolhi ainda nenhum arsenal (do que me parece indispensável ter na sua recepção). tenho meia dúzia de babygrows mas já sinto a hora de começar a pensar em que cores o quero recebido. a nossa viagem vai a mais de meio e sem pressas desfrutamo-nos.
.
nota:babygrow daqui

19 de setembro de 2007

20s


nunca me apeteceu transformar este espaço num espaço ao estilo babyblog, mas a barriga cresce e exprime movimentos mais fortes que eu...

18 de setembro de 2007

13 de setembro de 2007

um piscar de olhos


pede-me sestas. eu que nunca tive uma relação saudável e diurna com o leito ando tentada a ceder-lhe todos os dias. sinto francamente que é disto que preciso entregar-me ao meu ritmo. de noite assaltam-me sonhos que nem sei de onde me chegam, não descanso portanto. de dia os olhos postos no computador cansam-me a paciencia e cientificamente deveria piscá-los mais vezes e olhar infinito. às 19 semanas mexe e remexe que lhe sinto as cambalhotas. ao anoitecer envolvo-o com afagos gordurosos.

12 de setembro de 2007

11 de setembro de 2007

signs


na infância não fui nada travessa, criança calma, serena, diria tímida, inibida. na pré-adolescência fui macaca, trepadora de tudo o que fosse barreira, contorcionista amadora, não largava as estruturas em ferro da escola onde se competiam habilidades, saltei muros e desafiei a gravidade, já arrastava ballet's comigo. na adolescência preenchi-me na dança, primeiro na clássica, depois na contemporânea, sem me permitir um único dia de folga. esbarrei no seu abandono, as voltas que a vida dá. a seguir lutei comigo e por mim, saltei a barreira e universariei-me, nos intervalos ainda andei de novo à procura da dança em mim mas, a formação principal absorveu-me as energias. fugi um ano, gostei e não deixei de ser menos agarrada à terrinha. no momento mais desencontrado da minha vida encontrei o par com quem irei agora partilhar a mais doce primeira viagem. parece que foi ontem que o descobri, calças amarelas, cabelo a simular o mundo e olhos a denunciar doçura...
.
da pré-adolescência uma cicatriz na pele
.
da adolescência uma cicatriz no âmago

10 de setembro de 2007

(n)os pés (n)a lua


espero tempo mais fresco para definitivamente estrear os primeiros é que, ainda me escorregam os pés com este calor e o chinelo sempre ainda é mais arejado.
.
espero tempo ameno a manter-se por mais umas semanas para ir a tempo de inaugurar os segundos exemplares, já desejados e não encontrados, que esta semana voam directamente de lá.
.
estes ficam para o ano
.
tão outonal! posso calca-lo de sapato novo?

8 de setembro de 2007

música para os meus ouvidos



sou esganiçada a cantar e tenho consciência disso, ao menos tenho-lhe a consciência que ainda há quem não a tenha. no entanto, gosto de vocalizar e estrebuchar as cordas vocais, quem não gosta de espantar? não espanto ninguém no banho que o respiro à escuta faz-me confusão. gosto de me espantar no carro e de volante na mão, que não quero ouvidinhos estoirados de ninguém e gosto de estrebuchar os agudos e explorar os graves. gosto de ir assim comigo, eu comigo a soltar-me de mim. pena que (lá vem sempre a parte negativa na vidinha) tenho reduzidas as viagens motoras e solitárias. agora dou mais ao pé ou aos pés, que também fizeram com que permanecesse mais vezes no rés do chão com suporte desportivo. hoje uma viagem fez-se a estoirar a voz que as lembranças esticam-me os pelos e arrepiam-me as memórias. lá estou eu com as memórias e com os meus botões.

7 de setembro de 2007

(des)fiar



voaram-me as amigas, evaporaram-se-me as cumplicidades. não é que alguma vez as tivesse no plural mas, agora é que é. agora é que me descarrilaram e desengataram carruagens. a vidinha vai de corrente, para um lado, como os rios em direcção ao mar, até parece, apesar de tudo, que nada a tem desviado. as amigas, um plural talvez falso talvez não, correm em contra mão. mesmo com vidas desemparelhadas, que não há meio de se conjugarem timings e telepatias, os espaços de empatia reduziram-se a pó. umas porque se concentram na vidinha e não querem sair do trilho nem para desopilar a rotina, outras porque descarrilaram e não querem discutir a vidinha que corre, outras porque se esqueceram que as empatias passadas são de valorizar mesmo que a lua esteja ao contrário. viraram-se para outras paragens. talvez sejam os dissidentes não coincidentes que desorientam conversas. bolas! mas já estarei afunilada de temas? às vezes ainda não me sinto cabida em encontros de maternices e descabida em encontros de all night long.
.
os momentos com (um)A amiga guardei numa gaveta mas, acho melhor mudá-los para o congelador.
.
sobra-me ela
.

sobra-me ele

.
(des) concentro-me em ti
.
coso-te manualmente uma manta de retalhinhos a ver se vai a tempo. sou bela adormecida e o meu príncipe está em mim. na manta combino-lhe a branca de neve com sete anões onde enumero sete personalidades. chegarás calmo, endiabrado, reguila, soneca, envergonhado, sabichão ou rezingão? e divago entre histórias de encantar e encontros desencantados...

6 de setembro de 2007

temperatura imprópria



para grávidas que não podem faltar ao trabalho. até um tanque me sabia. agora vêm-se poucos tanques. na profissão aplicam-se mais os espelhos de água que os tanques caíram em desuso. lembro-me da avó lavar no tanque, da água muito fresca a correr sempre límpida. lembrar essa frescura refresca-me a memória e a memória refrescada já não é nada mau quando a sala de trabalho me parece derreter até aos miolos.
.
lindo este espelho de água do barragan.

4 de setembro de 2007

fidelidades


os meus pés não cabem nas croc's. desisti delas. continuo fiel às havaianas.

3 de setembro de 2007

dois corações batem em mim



ela encontra-os sempre. eu, tenho dois comigo. um grande, um pequeno.

1 de setembro de 2007

ELE




tenho dezassete semanas e satisfiz as constantes questões do ele ou ela. o redondo da frente compete com o detrás já existente e eu ainda me balouço com graça. o pai voa para o outro lado do mar e tu continuas do outro lado de mim.

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982