descendo, pelo lado masculino, de um verdadeiro "papagaio". mas eu não tenho grande jeito para alimentar conversas. sou pró calada, às vezes sinto-me antipaticamente muda, falo pouco e absorvo muito, alimento barreiras e estimulo afastamentos. sou reservada. chateia-me a conversa de circunstância, sobre o tempo, sobre a vidinha. com os meus pares sou tagarela, com a irmã sou fala barato, conferenciamos já por muitas noites dentro e temos sempre, mas sempre, o que nos dizer uma à outra. gosto de cumplicidades de irmãos, não me sabia sem irmã. mesmo com os poucos amigos só alguns me arrancam a tagarela que há em mim, sempre abafada pelo receio que me invadam a vidinha. sei muito bem porque desde cedo fui construindo muretes, mantenho-os para o mundo, destruo-os progressivamente e muito lentamente para alguns que escolho a dedo.
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diz que somos parecidas mas há duas particularidades que baralham o esquema. ela é encaracolada desde sempre, eu mais baixa desde que nos tornámos definitivamente adolescentes.
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sou mais velha e construí-me protectora. agora, progressivamente, redireciono-me para outro lado num outro patamar de protecção.
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