9 de fevereiro de 2010

à porta


carregada de sacos, resgatei-os em duas vezes e à segunda o miúdo bate-me com a porta. eu fora ele dentro. tudo dentro. eu de fora, dois sacos na mão. nervoso a subir frieza a descer. gastar muito o nome dele e mantê-lo perto da porta, dar-lhe instruções infrutíferas e adoptar planos diferentes. acalmarmo-nos com canções e jogos - adivinha onde estou a bater na porta. sentá-lo e correr a procurar vizinhos, não conheço os meus vizinhos, não há vizinhos em casa, quatro casas vazias. subir e descer muitas escadas muito depressa. cantar outra vez, e desaparecer por mais tempo. contacto estabelecido e o mais rápido dos voos. rasgar papelinhos da embalagem de congelados e passá-los por baixo da porta, entrarmos os dois no jogo chegarmos quase a divertirmo-nos com o nervoso abafado: estás a ver o papelinho? conseguiste apanhá-lo? vou passar outro, este é verde estás a vê-lo? o xim mais doce, música nos meus ouvidos.

6 comentários:

Kláudinha disse...

q susto
nem imagino....
um abração muito apertadinho

Elsa Castelo disse...

Pobrezitos :(

maman xuxudidi disse...

Está tão bem escrito que senti os nervos em franja, o auto-controlo e a descarga mais tarde. Terrível!

maman xuxudidi disse...

Está tão bem escrito que senti os nervos em franja, o auto-controlo e a descarga mais tarde. Terrível!

madrid disse...

Compreendo-te tao bem: a I fechou-se dentro da casa-de-banho "à chave" a brincar às escondidas com a L e nao conseguia abrir a porta... Liguéi ao pai e ele ria-se, eu berrava e ela chorava do lado de dentro, finalmente veio sob a ameaça de eu ligar aos bombeiros... vá lá que trabalha perto e que tem uma caixa cheia de ferramentas!

CACAU disse...

Oh...aconteceu-me também uma vez ficar o T. fora do elevador e eu lá dentro...
Nem sei bem como aconteceu, foi tudo tão rápido: entre os sacos de compras, ele pequenino, entra não entra a porta a fechar-se e eu a subir, a subir e a ouvi-lo a chorar lá em baixo junto às garagens. Fiquei tão assustada que nem me lembrei de carregar no stop do elevador: subi até ao 8º (onde moramos) e desci outra vez, a tremer sempre a gritar "amor, a mãe tá aqui, a mãe tá aqui"... Quando abri ma porta estávamos os dois num pranto...
Agora, entro sempre com ele ao lado a segurar bem a porta!

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982