4 de abril de 2013

de fazer estrada












uma viagem de sonho. um sonho de cidade à nossa espera a umas 6 horas de caminho. dois meninos de 2 e 5 anos para dois adultos. basileia amanheceu com sol num terceiro raro dia desde há uns bons quinze dias e animou-nos os primeiros quilómetros. poucos, claro, o menino grande enjoa. respiramos fundo muitas vezes em conjunto até a mãe virar o rabo à estrada e enquanto segurava o saco de plástico que apararia a costume inevitabilidade partilhava respirações em profundidade com o filho. e inspira expira, again and again and again, como se o ensinasse a respirar de novo pela primeira vez embalando-o num ritmo constante que o mantivesse bem irrigado de oxigénio. parece-nos que as lições de preparação para os partos nos terão servido para a vida ainda que de nada tenham servido para os ditos. respiramos bem que o menino aguentou-se firme e acabou por adormecer ainda que com a ajuda da mãe, ainda de rabo para a estrada, braço esticado, mão a sombrear-lhe os olhos e respiração sussurada para que não se esquecesse da dita. nada como uma viagem de meninos "apagados". perderam paisagens é certo, mais cinzentas que coloridas mas ainda assim percursos visualmente belos que a suiça é muito estética, principalmente as periferias ( seja lá o que isso for). claro que os 18 quilómetros do tunel de s. gotard foram antecedidos de fila e baralharam-nos as previsões  mas ainda conseguimos fazer os meninos correrem no castelo de belinzona durante a tarde e a coisa não podia ter corrido melhor. os meninos, após tamanha libertação, agradeceram serem presos de novo às cadeiras. entretanto levávamos nos apontamentos o terragni em como  já era sábado e a chuva torrêncial fez-nos cuspir asneiras e quase lamentar a brilhante ideia de ver uma cidade meter água. a nossa viagem estava na eminência de encharcar até mais não. encharcamos em como e em vicenza e ao contrário de todas as previsões e evidências não conseguimos nesse dia almoçar nem piza nem massa e tivemos de nos compor com pitas reaquecidas. de tarde, já às portas de veneza, a folha impressa com a meteorologia afixada no hotel alternava entre chuva muito forte, abundante e intensa para todos os dias seguintes. por isso sábado sucumbimos ao cansaço e demos a mão à palmatória e não nos molhamos mais. mas domingo atiramos os apontamentos, os conselhos, a lista de a ver e a não perder e decidimos ser levados pela cidade, mesmo que nos caísse uma tromba de água em cima. não podíamos ter decidido melhor, ao contrário de todas, mesmo todas, as previsões meteorológicas fomos brindados com raios de sol, primeiro tímidos e depois desavergonhados, por isso os meninos rebolaram na praça de s marco e consolaram-se a navegar na gondola, muito quietos e atentos. os pais estenderam horas ao limite e vaguearam pela noite dentro por ruas e ruelas e becos com e sem saída, por pontes e praças e os quatro iam felizes. pois o menino na volta não enjoou, ao contrário de todas as evidências, e fizemos muitos jogos que meteram animais. não basta o bater de asas de uma borboleta para baralhar as previsões mais certas? 


1 comentário:

madrid disse...

Bela viagem: tão perto e tão longe da Suiça.

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982