27 de outubro de 2013

representação do mundo, do nosso mundo




















ele quis que rodopiasse o pião em cima da sua própria barriga respondi-lhe que tentaria mas provavelmente aguentaria pouco tempo porque a barriga não era uma superfície com grande extensão lisa. ele disse-me que na minha seria pior que tem mais rugas. lembre-me do empty nest. um dia digo-lhe que essas marcas também são a história dele, a minha e a nossa (há quem o diga melhor). ter um mapa que tem muitas histórias lá dentro e confessar quase com a mão em cima da bíblia não querer mesmo nada ser uma barbie é saber viver com imperfeições. recordo como se fosse hoje a beleza das veias mais salientes que atentamente observava nos pés e mãos da minha mãe entre os seus trinta e os quarenta. uma pele de bebé sem quebras quase nenhumas quase sem plasticidade e tão imaculadamente homogénea eram aos olhos de criança desinteressantes. era só um exemplo dessa atracão pelo imperfeito. ser uma adolescente sem posteres fotogénicamente irrepreensiveis no quarto, sem nunca ter babado nem idolatrado nenhum desses desconhecidos que se evidenciavam nos anos 80, exactamente por isso, por serem desconhecidos, era um sinal. já uma mancha branca num certo cabelo, lá está uma espécie de imperfeição, me despertaram a certa altura algum interesse. quanto ao mapa, preferia que fosse um planisfério em vez de ser um quase globo. provavelmente ainda não estará la tudo explanado por isso não determino com precisão ter um mapa corográfico, topográfico ou uma simples planta. 

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982