24 de março de 2020

QUARENTENA DÉCIMO SEGUNDO DIA
























andamos às apalpadelas a tentar construir rotinas que se mantém desrotinadas ao sabor de espetos que nos lançam de vários lados. lá fora está sol e, apesar da amplitude espacial, ainda não pacifiquei a ideia de que possamos passear cães e não filhos. entraremos na segunda semana adentro num processo de desaceleração relativa por não querer que se entreguem  permanentemente a ecrãs. as férias serão uma espécie de dias em contínuo, espero, com novos ritmos encontrados neste novo registo. o m pedia várias vezes ausências da face aborrecida da escola, matérias repetitivas e pouco estimulantes mas, agora em modo livre, ainda não se libertou num voo solto pela criatividade. o v precisa de ar, pede-o muitas vezes e gosta bastante da vida com ecrãs mas a sua costela mais pragmática funciona bem nas aulas de piano à distância. o x precisa de inputs para largar a caixa que carrega vezes demais ao colo que já manuseia com destreza e de forma autónoma, um perigo. quando lhe abrimos o mundo obviamente adere mas precisa que o conduzam nessa descoberta porque se habituou a caminhar entre muita gente a precisar de coisas na sua estrutura familiar. ontem quando assistiu à canção dos bons dias da sua professora, sentiu-se intimidade e estranho. é o que menos percebe do que se passa. o que quer que se passe não tem dias contados e 2020 irá ser sem dúvida um dos anos mais marcantes da história desta geração. tocaremos esta música com os instrumentos disponíveis a ritmos antagónicos e nem sempre em composições perfeitas. um dia de cada vez. uma hora de cada vez, cada minuto, cada segundo a apalpar um futuro incerto.

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eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982