há dias, vários dias, desde há muitos dias atrás, que se vai sentindo prensada. assim como se uma prensa cúbica lhe passasse em cima. às vezes já não consegue dar-se a um de cada vez com a mesma paz com que se deu e isso sabemos que a aflige. depois sabe que a chamam sem chamar e nem sempre está livre porque a prendem tarefas de bebé. fraldas por mudar, sopas por meter numa boca, controlo motor obrigatório. é ai que grita como não se lembra de ter gritado na primeira viagem. é ai que se sente atada e bloqueada. às vezes pede o que não dá: controlo. às vezes dispara para muitos lados como se pudesse coordenar muitas marionetas ao mesmo tempo e em simultâneo, como se pudesse unicamente puxar fios fininhos e as extremidades estivessem em conexão para uma causa efeito imediata. um dia, algum dia, certo dia, mais dia menos dia, vai chegar o dia. o dia em que fala baixinho e só espalha amor. vai chegar um dia em que volta a sentar-se no chão, a penumbra acesa e as histórias a ecoar no quarto. ou então nao, já não vai a tempo desse dia. haverá sempre o dia em pode sentar-se no chão à porta dos quartoS com o seu próprio livro na mão e de vez em quando espreitará pelas frinchas das páginas do meio e se distrairá na história do que observará.
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