23 de junho de 2020

9 meses dentro 9 anos de fora



és a nossa pulga elétrica, a nossa abelha de zumbido fácil, o nosso pica pau, o nosso recheio sempre a transbordar, o nosso pincha. a nossa melhor tradução do que significa ensino à distância. zero. sem conexão não há educação, sem presença temos uma espécie de informação no ar a divagar, sem estímulo, sem desafio, sem comparação, sem pares, sem recreio, sem dentro e fora, não há COM. é tudo sem. fizeste 9 anos em pleno desconfinamento. escolheste 3 amigos que composemos com as nossas 3 amigas e mais 3 primos a festa foi perfeita. uma quinta da conceição quase só para nós. o tempo que nos demos, o improviso, a bola nos pés que tanto ansiavas. as corridas, o ar puro, o estar ali. o teu sorriso de satisfação. guarda sempre essa persistência que nos quase enlouquece, guarda sempre essa certeza dos quereres, guarda sempre essa energia sem fim, essa alegria, guarda sempre essa vontade de interação que te invade o corpo e usa-a no teu caminho, nas melhores escolhas, nas melhores experimentações. embora nos queixemos que por vezes nos canse é ela que te faz único e os outros, os outros já existem. queremos-te assim em versão original e única.

3 de junho de 2020

confinamento rebelde-desconfinamento confinado



























farta de formulários, de diretivas, de planos de contingência. farta de confinamento e desconfinamento. vivia em permanente confinamento imperfeito e em permanente desconfinamento confinado. gosto das praias vazias, de andar contra corrente. gosto da praia fora da época e da praia que ninguém quer dentro da época. gosto de ir onde o ambiente é selecionado por critérios  opostos ao que a expressão define. a quarentena não custa nos moldes globais, custam as mesmas coisas de sempre , não lhes dar mais tempo vazio de paredes e de objetos e de eletrodomésticos e gadgets e ecrãs. a quarentena trouxe uma vontade extemporânea uma vez que o tempo avança a desfavor, ter um bocadinho de terra nos pés 2/3 na semana. de resto confirma-se que o aglomerado que nos invade tem aspetos positivos na socialização que precisam para crescer. há um mundo estranho na envolvente mais infantil que nos espera e que apanha o crucial primeiro triénio do pequeno. até aqui nada de novo, cresce entre irmãos que nem sempre o ensinam a brincar. mas um dia, vai chegar o dia em que tratará por tu o afastamento que ainda não conhece bem. mas foram mais desafios que não nos largaram desde sempre e apesar do agridoce são o que recheia a vida na sua melhor versão. as contra correntes, as estranhas, os desafios. 

1 de junho de 2020

ausente e omnipresente

























estou atrás da câmara. estou em trânsito. a levá-los, a trazê-los. estou a segurar toalhas e merendas e casacos e tpc's. estou ausente, quase omnipresente. invisível, sempre audível. a montar memórias e encontros e contactos e a dar-lhes pessoas. estou cá atrás a vê-los mergulhar, a vê-los crescer. estou cá atrás quase sempre a assistir numa plateia improvisada sempre a tentar recusar o ímpeto de os encher com mais objetos e a navegar em permanência em programas que impliquem sempre ir. fazer caminhos. construir memórias. montar experiências. lançar-lhes tapetes de muitas texturas. podia deixar fluir porque o que for é de qualquer maneira mas esta talvez seja uma espécie de missão. sou ausente e omnipresente e pouco consistente. sou do ir e do vir.

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982