20 de março de 2012

tricot


















apertei-me muitas calças na adolescência na velhinha singer que o avô comprou a prestações. adorava herdar-la. crochetei ( a palavra existe?) e bordei pontualmente na pré adolescência e deixei  a dança pelo caminho. fui renegando tudo até desviar o coração para o ventre recheado pela primeira vez. nessa altura fui a correr saciar memórias hibernadas. no primeiro puerpério corri a dançar, a costurar e a coser. tarefas duplamente árduas porque na adolescência não havia nada a meu cargo nem que de mim dependesse e eu nunca me tinha apercebido que a corda nos prende tanto. no segundo puerpério a "máquina" que nos "prende" pesa um bocadinho mais nas costas mas com ajuda e colaboração, que a tenho, hei-de-me me lançar de cabeça no tricot. tenho umas luzes que não sei se me iluminarão o suficiente a estrada para saírem mais do que cachecóis. gostava de ter uma meia meia feita e outra por fazer nas agulhas. nós mulheres activas, formadas, tecnológicas e viajadas a recuperar os carapins das avós (às vezes) domésticas, analfabetas, analógicas e nada viajadas. que futuro para este casamento?

Sem comentários:

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982